December 29, 2025

O essencial da década de 1990 de Caio Fernando Abreu

Comecei o ano 2025 com a meta de ler um livro por mês. Tristemente, exigências do trabalho, problemas com meus olhos, e (francamente) falta de motivação fizeram com que eu não conseguisse cumprir esta meta. Agora, no fim do ano, percebo que li poucos livros. Eu passei meu tempo livre escutando podcasts, fazendo palavras cruzadas, e lendo notícias e histórias curtas. Espero que no ano que vem, eu consiga ler mais livros.


Na primavera eu li O essencial da década de 1990 de Caio Fernando Abreu, um escritor e jornalista Brasileiro gay que morreu jovem com 47 anos, em 1996. Comprei este livro numa loja de livros usados em São Paulo durante minha primeira viagem ao Brasil em fevereiro de 2025. As coleções de Caio F. Abreu foi um dos 5 ou 6 livros que comprei. Busquei uma mistura de gêneros - ficção, novelas, histórias, coleções dos artigos dos jornais, para ter uma variedade de leitura. É quase impossível achar livros em portugues nos EUA. Fiquei limitado por causa do peso dos livros.


Eu demorei tanto para terminar esta coleção, e, na verdade, não li tudo. Especificamente, as cartas aos amigos do autor foram difíceis porque contêm muitas referências pessoais combinado com gírias. Abreu tem um vocabulário amplo. Para não parar de buscar toda palavra, eu li muito sem saber que estava acontecendo!


Vou dar minhas opiniões sobre as histórias que foram as mais memoráveis.


Bem Longe de Marienbad é uma historinha de solo sete capítulos curtos. Começa e termina numa estação de trem numa cidade francêsa anônima, só referida como “une ville sinistree” (uma vila sinistra). Sem diálogo o narrador fala da perspectiva primária. Ele é um homem buscando um conhecido chamado “K” que ele acha está esperando-o.


Curiosamente, um velinho com chapéu usando sobretudo xadrez preto e branco aparece na estação. O velinho cumprimenta o narrador com a mão no chapéu, mas sem falar nada.


O narrador, também sem nome, vai a um restaurante e fica lá observando duas enguias num aquário que fica no restaurante. Ele passa muito tempo lá fumando e pensando onde está K.


Ele entra em um apartamento que o narrador pensa que pertence ao K mas ninguém está lá. Fora da janela é um pássaro branco grande na varanda. Lá embaixo, na rua, o velho com sobretudo xadrez aparece.


Enfim, ele não encontra K. Ele vai pela estação do trem e viaja para outra cidade.


Foi uma história interessante porque não sabemos o nome do narrador, cidade, nome completo de “K.” Enquanto o narrador busca uma pessoa que ele acha que deve ser buscado por ele mesmo, aquele homem de sobretudo xadrez aparece repentinamente. Também o pássaro branco aparece várias vezes.


Pela Noite é uma novela sobre um encontro entre dois homens gay. Eu não havia lido muitas histórias sobre homossexuais, não a propósito, mas só porque não entra em minha lista de livros que eu quero ler.


O anfitrião e personagem principal é um homem de cerca de 45 anos, um homem gay de cultura, bem lido, um ex-produtor e ator de teatro. É óbvio que os anos de glória estão atrás dele. Parece entediado com a banalidade da vida. Por isso, ele recompensa falando bastante, usando palavras dramáticas como se ele fosse o protagonista de seu próprio mundo. Como tentando esconder a vazio que ele se sente dentro de si.


O convidado é um homem um pouco mais jovem, mais educado, mais calmo, que está lutando contra uma depressão. Ele resiste a ser nomeado “Santiago", um nome que o anfitrião quer dar-o. Pelo jogo que o anfitrião está brincando, ele se refere como “Pérsio".


A maioria da história envolve Pérsio se divertindo, falando de si mesmo, usando idiomas brutos e divulgando demais dos próprios pensamentos, tentando provocar o acompanhante, talvez para esconder a dor que ele sente por dentro. Parece que Santiago realmente quer um encontro normal, e ele é realmente atraído ao Pérsio.


Eles saíram do apartamento do Pérsio para comer pizza e beber vinho num restaurante. Como Pérsio é um tipo de celebridade local, um jovem chamado Carlinhos reconhece-o, e tenta conversar. Pérsio mente que é casado com Santiago, quem ele se chama em nesse momento “Beto” que é o nome do ex do Santiago que morreu anos atrás. Santiago fica bravo com Pérsio e o faz ameaça de sair.


Ao fim da novela, Pérsio e Santiago dormem juntos, mas é claro que terminou com uma mistura de vergonha, pena, tristeza, e mais perguntas sobre as vidas deles.


Eu gostei desta história porque mostra um lado, talvez exagerado, dos encontros entre homens gay naquela época dos anos 80 e 90. E é difícil imaginar esta mesma interação com um casal hetero.


Eu não vou contar mais do Caio Fernando Abreu exceto que eu gostei de algumas histórias dele. Pelo próximo livro, vou ler algo mais leve.


No comments:

Post a Comment